segunda-feira, 27 de julho de 2009

Asiáticos vêm conhecer o que São João da Barra tem



Da Redação

Durante oito dias, a prefeita de São João da Barra Carla Machado esteve na China e em Cingapura buscando investimentos para o município fluminense. A “Missão China” rendeu frutos antes que o esperado: parceria com a siderúrgica chinesa Wisco que vai gerar 20 mil empregos e investimento de US$ 4 bilhões para a região e o ‘namoro’ com outras indústrias asiáticas. Para Carla, que aguarda para os próximos dias a visita de empresários chineses e cingapurianos, o Complexo Logístico e Portuário do Açu está se tornando uma âncora brasileira para atrair novos investimentos. “Nunca se foi tão longe”, disse a prefeita durante entrevista ao O Diário em que fez balanço da viagem.

O DIÁRIO - A questão automobilística está em evidência. Que fábricas de automóveis a senhora visitou na China?
Carla Machado -
É importante frisar que nunca fomos tão longe. Essa viagem à China e a Cingapura é um marco histórico para São João da Barra e nos aponta para uma trajetória de desenvolvimento. Prova disso foi a parceria com a siderúrgica chinesa Wisco e os inúmeros contatos, principalmente com fábricas de automóveis. Visitamos a JAC Motors, uma montadora de alta tecnologia, que produz automóveis, caminhões leves e ônibus. Estivemos, ainda, em reunião, na cidade de Xangai, com a fabricante de automóveis Chery e também viajamos para a cidade de Shenzen, a fim de se reunir coma direção da empresa Build Your Dreams (BYD), produtora de carros elétricos e convencionais.

O DIÁRIO - Houve também algumas reuniões? O que avançou durante sua estada na China?
Carla -
Foi uma viagem muito intensa. A nossa missão era mostrar que o Brasil pode fortalecer ainda mais os laços comerciais com os chineses que alcançou US$ 37 bilhões no ano passado, mas ainda são números reduzidos para o que almejamos. O Complexo Logístico e Portuário do Açu está se tornando uma âncora brasileira para atrair novos investimentos. A gente se reuniu com o Banco de Desenvolvimento da China (CDB) e com a China Investment Corporation (CIC) que administra o Fundo Soberano Chinês. Em Cingapura nos reunimos com presidente e diretores da “Keppel Corporation” que além do setor “Marine e Off Shore”, dedica-se a atividades de Construção Civil, Engenharia Ambiental, reciclagem de água, geração de energia, logística, fabricação de celulares e equipamentos para a produção de petróleo. Ainda em Cingapura, nossa delegação se reuniu com diretores da International Enterprise Singapore, encarregada da promoção das empresas cingapurianas no exterior e com diretores de empresas filiadas dos setores de petróleo e gás, transportes, indústria naval, logística, hotelaria e moradia popular.

O DIÁRIO - Quantos dias a senhora ficou lá?
Carla -
Embarquei no dia 26 de junho e voltei no dia quatro de julho.

O DIÁRIO - Então, a “Missão China” foi bastante proveitosa no seu ponto de vista.
Carla -
Com certeza. A vinda da siderúrgica para São João da Barra com geração de 20 mil empregos e investimentos de 4 bilhões de dólares é algo histórico para a região. Nunca se foi tão longe realmente. Fiquei encantada com o desenvolvimento tanto da China como de Cingapura. Eles tratam de forma estratégica tanto os produtos de tecnologia de ponta como a questão da habitação popular. Trouxemos uma bagagem com bastante idéias e propostas de futuro. Foi muito enriquecedora essa viagem. Pudemos ver de perto na potência em que São João da Barra se transformará. Tanto eu, quanto o governador Sérgio Cabral, como o empresário Eike Batista e todos que participaram dessa viagem, voltamos satisfeitos com essa maior aproximação com a Ásia.

O DIÁRIO - O que mais chamou a sua atenção nesta visita?
Carla -
A interação entre o poder público e a iniciativa privada, que fez com que a China e Cingapura se tornassem esses países desenvolvidos que hoje são.

O DIÁRIO - Qual das marcas de automóvel tem mais chances de se instalar em São João da Barra?
Carla -
Tudo está em fase de negociação e agenda de visitas entre o governo estadual, municipal e o grupo EBX. Muitos negócios estão previstos nesta parceria estratégica entre os dois países. É preciso intensificar os contatos entre estados e províncias, como é o caso dessa missão. O certo é que um importante passo foi dado para conhecermos de perto a realidade deles.

O DIÁRIO - A Byd é uma notória fabricante de carros elétricos. Seria esse o caminho a ser seguido por ela, caso se chegue a um acerto?
Carla -
Achamos que sim. O governo chinês está promovendo a internacionalização das empresas do país e precisa, portanto, de lugares com economias promissoras e abertas aos negócios. São João da Barra tem uma retro área propícia a receber grandes investimentos, tendo, ainda, a alíquota reduzida do ICMS vigente para o Complexo do Açu, sua localização geográfica estratégica e a existência de licenciamentos ambientais já aprovados. Tudo isso fortalece a vinda destas empresas.

O DIÁRIO - Como está sendo tratada a questão ambiental?
Carla -
Desde o início de nossa gestão estivemos preocupados com a questão ambiental que é fator de discussão em todo o mundo. Fazemos trabalho de educação ambiental para que a população tenha ciência da importância de se preservar o ambiente. Criamos a nossa primeira Área de Proteção Ambiental em Atafona e teremos a maior Unidade de Conservação de Restinga no Estado do Rio de Janeiro. Além disso, a secretária de estado do Ambiente, Marilene Ramos, que também estava nessa comitiva brasileira, garantiu que haverá rigor nas concessões de licença ambiental de acordo com os padrões europeus, mas nada que trave o processo, nada que deixe imóvel o projeto. No Porto do Açu, todo o estudo de avaliação ambiental estratégico já está previsto.

O DIÁRIO - O que a cidade vem fazendo para receber os investimentos chineses?
Carla -
Investimentos. Estamos investindo em infraestrutura norteada pelo nosso Plano Diretor Municipal, promovendo ações de macrozoneamento e delineando propostas de controle ambiental. Além disso, fomentamos a qualificação profissional de nossos munícipes e implantamos o único curso municipal de mandarim totalmente gratuito do País. Quando foi falado sobre o curso de mandarim lá na China, eles ficaram muito entusiasmados. Tecnologia, internet livre, segurança pública, planejamento urbanístico e viário também fazem parte de nossas propostas para receber os investimentos.

O DIÁRIO - Quais os próximos passos na negociação com os chineses?
Carla -
Após os contatos feitos, temos que ampliar as discussões e aproveitar para fomentar um maior intercâmbio entre o município de São João da Barra e cidades chinesas e cingapurianas.

O DIÁRIO - Haverá alguma visita deles ao município para conhecer a área disponível e o porto?
Carla -
Já temos agendada a visita, para as próximas semanas, do embaixador do Brasil em Cingapura, o senhor Paulo Alberto da Silveira.

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