Ari Kaye/Jornal do Comercio EIKE Fuhrken Batista, nascido em Governador Valadares(MG) em 1957, é um empresário brasileiro, que atua em várias áreas, com destaque a mineração | | João Ventura O empresário Eike Batista, dono da empresa EBX e sócio da empresa MMX, responsável pela construção do Complexo Logístico do Açu, esteve na semana passada em São João da Barra para vistoriar as obras do investimento. Eike, que tornou-se um dos homens mais ricos do Brasil, concedeu uma entrevista coletiva e falou sobre vários aspectos do que chamou de “instalação de um Brasil moderno”. Eike comentou também sobre a escolha da área do Açu para a instalação do projeto e disse ainda que há a preocupação da empresa com o crescimento ordenado. Confira os principais trechos da coletiva do empresário: EXPECTATIVA Nós sobrevoamos a área do porto e vocês devem saber que há cerca de 1.500 pessoas trabalhando no porto, que vai se tornar um dos grandes superportos do Brasil. Só para vocês terem uma idéia, a ponte de acesso tem 27 metros de largura, mais larga do que a ponte Rio-Niterói. Isso dá uma dimensão do que poderá se exportar por aí e importar também, porque anexando o Açu a Campos com a FCA (Ferrovia Centro Atlântica), a estrada de ferro que é um dos planos do projeto, você poderá importar carvão de Minas Gerais, enfim, fazer um novo corredor de exportação, não só para tirar minério e outros produtos de Minas Gerais, mas também importar produtos de fora. Aqui vai ser uma entrada e saída e eu gostaria de lembrar que será um superporto, que não existe no Sudeste do Brasil. Se formos comparar, seria como uma tomada de 380 Volts, supermoderna. A gente respeita e sabe que o Brasil não investiu mais nessa área, especialmente no Sudeste. Os portos que vocês sabem que existem dentro das cidades, no Rio de Janeiro e em outras cidades da costa, 70% do movimento acontece aqui, mas você não tem portos modernos. Ajuda você modernizar um porto que está dentro de uma cidade, mas os navios cresceram de uma tal maneira que sem um porto dessa dimensão, você não entra na rota de comércio das principais cidades do mundo. Então, aqui no Sudeste, será o primeiro superporto do Atlântico, que vai fazer uma revolução na região porque você conseguir assegurar a mineração que está em Minas Gerais, que está custeando um investimento maciço de quase R$ 1 bilhão no porto, na instalação dos píers, como a gente assegurou uma retroárea gigante, a gente tem outro conceito supermoderno que é o conceito porto-indústria. Então eu asseguro dizer que as indústrias que vão vir, se instalar na retroárea, aqui vai se criar o maior pólo industrial do Brasil. ESCOLHA DE SJB Começou com o Wagner (Victer) tirando da gaveta da Secretaria (Energia, Indústria Naval e Petróleo) esse projeto. Ele ofereceu a vários grupos nacionais e nós enxergamos que havia a oportunidade de construir um porto enorme. O que mais chamou atenção é que perto de Campos, em São João da Barra, havia uma retroárea livre onde a gente pode conceber o porto-indústria. Essa idéia foi germinada em uma gaveta do Wagner Victer, no governo de nossa querida governadora Rosinha, que fomentou, que colocou a pedra fundamental lá no final de dezembro de 2006. Esse processo é assim, o setor público e o setor privado trabalhando como uma PPP (Parceria Público-Privada). Isso aconteceu e, com o apoio da nossa querida prefeita Carla (Machado) se criou, se entendeu a importância de se colocar um projeto dessa magnitude de pé. Estamos no início desse processo todo e, para vocês que moram aqui e tem filhos, queremos vê-los preparados e educados, porque, na minha visão, temos 30 anos de crescimento sem parar e isso aqui vai mudar muito. EMPRESAS Posso dizer hoje que temos mais de 30 memorandos assinados por empresas que correspondem a mais ou menos R$ 30 bilhões de investimento. Isso hoje. Nós estamos construindo agora uma casa para recepcionar as pessoas, um auditório, mas nós nem montamos o estande de vendas ainda. Isso é só porque a mídia vem divulgando, a mídia internacional, as empresas estrangeiras sempre se perguntavam e se perguntam como entram e saem do Brasil, de uma maneira eficiente. Se você entrar hoje em um porto no Rio de Janeiro ou em Santos, as cidades meio que engalfinharam os portos e os equipamentos de última geração, que são navios gigantescos, precisam entrar e sair muito rápido. Eles requerem até 12 guindastes para tirar a carga de um navio conteineiro de última geração e para isso é preciso uma área na retaguarda muito grande. Isso que tem sido possível aqui. De acordo com o estudo do projeto do Victer, as correntezas e vários fatores da natureza, propiciavam que tivéssemos um superporto e isso que faz a diferença. Um calado de 18 metros e meio, é óbvio que você tem que dragar, mas tem que dragar pouco, e quando a natureza ajuda nesse processo, o custo para se manter isso, comparados com vários outros portos no Brasil hoje, a natureza te favorece. A combinação disso junto com a área livre na praia, faz com que o porto-indústria, seja um conceito que vira todos os outros de cabeça para baixo. PETRÓLEO Não esqueçamos ainda do petróleo, que nós, por acaso, quando fomos enxergar, e que podíamos participar da nona rodada do leilão da ANP (Agência Nacional do Petróleo), e que as áreas estavam na frente aqui do porto, da qual você precisa de logística também em transporte; em Macaé, por exemplo, não se tem mais área livre, está tudo atolado, não tem mais área. Não adianta fazer puxadinho, as coisas tem que vir todas juntas. O Brasil moderno não aceita puxadinhos. Você faz uma coisa grande e as coisas ficam desequilibradas. Fazemos as coisas pensando 50, 100 anos na frente. MÃO-DE-OBRA Eu acho crucial que a empresa se preocupe com a maciça mão-de-obra que vai vir para cá; temos que nos preocupar também com áreas habitacionais modernas e inteligentes. O modelo de desenvolvimento do tipo Ipanema, quando eu era criança só haviam casas ali. Aí, quando começaram a construir prédios, as pessoas traziam mão-de-obra de fora e essas pessoas acabaram criando as favelas que são problema até hoje no Rio de Janeiro. Nós fazemos questão que isso não aconteça aqui. INVESTIMENTOS NA REGIÃO O pólo industrial vai acontecer na retroárea atrás, a indústria requer uma logística suficiente. Mas é sempre num raio de 200 quilômetros, é algo extraordinário. É um mega-pólo industrial, pensem como um Brasil moderno sendo instalado ali (no Açu) e com área de influência gigantesca, inclusive no Rio de Janeiro. Só a Tequinte (empresa italiana) anunciou algumas semanas atrás que pretende investir mais R$ 10 bilhões de dólares. Isso não está nem nos R$ 30 bilhões que eu mencionei antes. E o mais bonito é o seguinte: vão transformar nosso minério de ferro em produto de valor agregado, chapas de aço e ainda vão fazer uma usina de produção de um milhão de toneladas de tubos, ou seja, agregar o máximo de valor na cadeia produtiva, o que é algo que nós temos que investir e fazer acontecer e vai acontecer aqui. TERMOELÉTRICA Aqui, em termos de geração térmica o Açu pode comportar 10 mil Mega Watts. Nós estamos negociando três térmicas a carvão inicialmente e depois o gás, pois nós achamos que aqui vai ter gás em abundância. Ou seja, o Rio de Janeiro que já é exportador de energia, se tornará um mega exportador de energia para todo o Brasil porque o Brasil está carente de energia. Para vocês terem uma idéia de tamanho, nós estamos falando de cinco mil Mega Watts de energia térmica, que equivalem a uma Itaipu Hidráulica. O pólo industrial que o empresário estrangeiro quer hoje, para qualquer país, quando ele está analisando, ele se preocupa com legislação, impostos e a energia é um dos pilares para você pensar se investe ou não em um país. E se você tem energia no seu quintal, dentro de sua área industrial é mais um chamariz. Então se tem um porto moderno, de baixíssimo custo, geração de energia barata, porque ela está do seu lado, então são vários componentes que apresentam diferenciais e façam com que você não pense nem duas vezes para investir. |
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