segunda-feira, 27 de julho de 2009

Porto de Açu é opção para o setor

Zaira Brilhante

O projeto do Complexo Portuário do Açu, que será instalado no município de São João da Barra, no Norte Fluminense, pela MMX Mineração e Metálicos, empresa do grupo EBX, pode se tornar uma opção de escoamento e suprimento para a Bacia de Campos. O projeto, que tem previsão de entrada em operação para julho de 2009, vai receber investimentos de US$ 920 milhões em sua primeira fase.

De acordo com Rodolfo Landim, diretor geral da MMX, o porto de Macaé hoje é responsável por cerca de 2 milhões de t/ano do suprimento para as plataformas da Bacia de Campos. Açu, que terá capacidade de carregamento de 10 mil t/hora e de estocagem de 2,5 milhões de toneladas, poderá, por sua proximidade inclusive - a apenas 40 Km de distância de algumas plataformas, como Roncador - ser uma alternativa.

"O nível de atividade cresceu tanto que não tenho dúvidas, os empresários do setor petróleo da região terão interesse em transferir, pelo menos parte de suas atividades, para lá", afirmou Landim. O executivo lembrou que o porto de Açu tem ainda capacidade para receber navios de grande porte, com até 220 mil t, o que é mais um atrativo para o setor petroleiro. "Açu terá 21 m de profundidade, portos com essa capacidade são excepcionais", completou.

Solução de logística

Landim fez questão de citar que o projeto da MMX não irá se restringir ao escoamento da produção da unidade de minério de ferro MinasRio. O diretor da empresa fez previsões de como o empreendimento pode ser uma solução para o setor energético brasileiro.

"É indiscutível que com um projeto de crescimento de 5% ao ano para o País, a gente vai precisar de muita energia. A crise que enfrentamos com relação às hidrelétricas nos faz pensar que a opção mais viável serão as térmicas", explicou. Landim acredita que o sudeste tem um grande potencial para investir em térmicas a carvão. "Atualmente 50% da produção de energia elétrica do mundo utiliza carvão".

O executivo afirmou que apesar de o Brasil não ser um grande produtor de carvão, a opção, por ser uma solução a curto prazo e barata, pode vir a ser o destino da matriz energética do país. Ele acredita que um empreendimento como o Complexo Portuário de Açu pode se tornar a principal entrada para essa matéria-prima no País. "Não consigo pensar em lugar melhor para se ter energia barata. A dinâmica dos ventos do sudeste favorece inclusive com que as futuras emissões não sejam tão comprometedoras", afirmou.

Dutos para transportar álcool

O projeto da unidade MinasRio inclui um mineroduto de 525 Km de extensão, ligando a cidade Alvorada, em Minas Gerais, até São João da Barra, no Norte Fluminense. Landim comentou que o empreendimento despertou a atenção de empresários do setor de álcool, que já pensam em uma solução paralela para o combustível brasileiro alcançar o mercado de exportação.

"Alguns empresários já vieram falar com a gente sobre como seria interessante a construção de um duto que transportasse a produção de álcool da região sudeste até o porto de Açu", explicou Landim. O executivo chegou a brincar que conversou com diretores da Petrobras sobre a possibilidade de a estatal, que no caso teria condições de arriscar um investimento desse porte, estudar a solução.

"Se houver interesse da Petrobras, que é quem tem capacidade para fazer isso, a gente pode conversar", afirmou Landim. Ele lembrou ainda: "Não custa comentar que um duto que escoa álcool pode trazer para dentro do território nacional óleo e derivados".

O executivo, que participou de audiência pública promovida pela Comissão de Minas e Energia, nesta quarta-feira (9/5), na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, comparou o desenvolvimento que se espera para São João da Barra ao processo que aconteceu com o município de Macaé. "O que vai acontecer com a região pode ser comparado com o que houve com Macaé, nos últimos 30 anos, após a entrada na Petrobras. Quem voltar em São João da Barra daqui a 30 anos vai poder comprovar".

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